segunda-feira, 21 de março de 2011

Melhor

 E cada carro que parava ao lado dela fazia seu coração parar. Tinha que ser ele, uma hora seria. Não que ela soubesse como seria o carro, ou como ele estaria - já tinha uns bons meses desde a ultima vez. Mas uma hora, seria. Ela sonhava com esse momento, e já o imaginara milhões de vezes. Ela estaria de costas, ele iria chamá-la. E, antes que ela pudesse se virar completamente, ele a puxaria pelo braço, e a beijaria.
 Mas já faziam quase dois meses, e essa cena nunca chegou perto de acontecer. E essa era uma coisa com a qual ela não podia se conformar. Ele sabia os horários dela, os lugares onde estaria. E já havia prometido estar lá. Onde fica "lá", não importa. A promessa era de que estaria. E ponto. Mas ele nunca foi. Quando chovia, embaixo daquela árvore, ela apertava os olhos, numa tentativa de driblar a miopia e tentar enxergar um pouco além. Em vão. Antes que a esperança voltasse a dar as caras, ela via a van amarela a esperando do outro lado da avenida. Hora de ir embora. Não foi dessa vez.
 Talvez fosse mesmo ingenuidade da parte dela. Ele devia - e de fato tinha - coisas melhores para se preocupar. Talvez ela fosse só uma menininha, uma paixão que já passou. Mas, ela se lembrava sempre, não era isso o que ele dizia. Ele disse amor, com todas as letras, e expectativas que esse nome traz. Amor, e para sempre. Então é simples assim, amar? Simples assim esquecer, e acabar?
 E é quando ela enxuga as lágrimas, levanta o nariz já empinadinho, joga o cabelo e pensa; se for assim, muito obrigado. Eu consigo coisa melhor.

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